segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os animais no Espiritismo


Assunto de muitas discussões é a questão dos animais no Mundo Espiritual. Já em 1861, Allan Kardec, no Livro dos Médiuns debatia tal questão. Antes, no Livro dos Espíritos, em 1857, o Codificador já indagara dos espíritos reveladores sobre a situação dos nossos irmãos menos evoluídos. Vejamos o que disseram:
“...597. Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade
de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?
Há e que sobrevive ao corpo.
a) —Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?
É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a
esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do
homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.
598. Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a
consciência de si mesma?
Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida
inteligente lhe permanece em estado latente.
599. À alma dos animais é dado escolher a espécie de animal em que encarne?
Não, pois que lhe falta livre-arbítrio.
600. Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se,
depois da morte, num estado de erraticidade, como a do homem?
Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao
corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra
por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A
consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do
animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e
utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com
outras criaturas.
601. Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva?
Sim; e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais
adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de
comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos,
tendo neles os homens servidores inteligentes.
Nada há nisso de extraordinário. Tomemos os nossos mais inteligentes animais, o
cão, o elefante, o cavalo, e imaginemo-los dotados de uma conformação apropriada a trabalhos manuais. Que não fariam sob a direção do homem?
602. Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela
força das coisas?
Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação. ...”
Como criaturas de Deus, é evidente que os animais estão sujeitos às leis naturais que regem o Universo. Portanto, é óbvio que, quando desencarnam, eles conhecem o Mundo Espiritual. Mas, como os espíritos revelaram, coisa diversa lhes ocorre do que a nós humanos.
Allan Kardec também indagou sobre a questão da mediunidade nos animais. O que lhe disse o espírito Erasto:
“É certo que os Espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis aos animais e, muitas vezes, o terror súbito que eles denotam, sem que lhe vós percebais a causa, é determinado pela visão de um ou de muitos Espíritos, mal-intencionados com relação aos indivíduos presentes, ou com relação aos donos dos animais. Ainda com mais frequência vedes cavalos que se negam a avançar ou a recuar, ou que empinam diante de um obstáculo imaginário. Pois bem! Tende como certo que o obstáculo imaginário é quase sempre um Espírito ou um grupo de Espíritos que se comprazem em impedi-los de mover-se. Lembrai-vos da mula de Balaão que, vendo um anjo diante de si e temendo-lhe a espada flamejante, se obstinava em não dar um passo. É que, antes de se manifestar visivelmente a Balaão, o anjo quisera tornar-se visível somente para o animal. Mas, repito, não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. É-nos sempre necessário o concurso consciente, ou inconsciente , de um médium humano, porque precisamos da união de fluidos similares, o que não achamos nem nos animais, nem na matéria bruta.”

Talvez baseado nisso, Jean Baptiste Roustaing acreditou que, quando Jesus realizou uma desobsessão (ou exorcismo, para quem preferir) naquele episódio da Legião, aqueles espíritos inferiores tenham se materializado para os porcos, assustando-os e causando a morte dos pobres suínos. Mas Kardec na Gênese questionou isso, afirmando que espíritos que outrora estavam encarnados em humanos não poderiam animar alimárias...
Por outro lado, Ernesto Bozzano, em sua obra A alma nos animais nos mostra casos de manifestações espirituais envolvendo animais que aparentemente contradizem o Espírito da Verdade na questão da erraticidade. Porém, não esqueçamos que os espíritos só revelaram a Allan Kardec o que podiam ou o que sabiam, estimulando assim a pesquisa científica; a questão do ectoplasma, por exemplo, ainda não estava plenamente conhecida.
Portanto, na pátria espiritual encontraremos nossos irmãos menos evoluídos! Porém, não sei dizer se vamos rever nossos companheiros de estimação... só Deus o sabe. E aqui na Terra, é nosso dever cuidá-los, protege-los e amá-los. A caridade se estende a eles também! Como nos diz Emmanuel: “Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com atributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo. (...) É certo que o Espírito jamais retrograda, constituindo uma infantilidade as teorias da metempsicose dos egípcios, na antiguidade. Mas, se é impossível o regresso da alma humana ao circulo da irracionalidade, recebei como obrigação sagrada o dever de amparar os animais na escala progressiva de suas posições variadas no planeta. Estendei até eles a vossa concepção de solidariedade e o vosso coração compreenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida.”.
E no Livro dos Espíritos, estes dizem a Allan Kardec:
“... 734. Em seu estado atual, tem o homem direito ilimitado de destruição sobre os
animais?
Tal direito se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de prover ao
seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constituiu direito.
735. Que se deve pensar da destruição, quando ultrapassa os limites que as
necessidades e a segurança traçam? Da caça, por exemplo, quando não objetiva
senão o prazer de destruir sem utilidade?
Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição
que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só
destroem para satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de
livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade
que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos. ...”

Então, irmãos, lembrem disso. O Senhor Deus abençoe a todos!

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